Retinoblastoma: a Radiologia Intervencionista tem importante papel no tratamento das crianças afetadas
Você já conhece os sintomas e principais características do Retinoblastoma?
Nessa última semana, houve um importante aumento na procura por informações a respeito deste tumor, após o vídeo em que o casal Leifert explica um pouco sobre a descoberta do problema em sua filha com pouco mais de um ano. Aproveitando esse momento de conscientização pública - e buscando contribuir com ele! - esse texto destaca como a Radiologia Intervencionista pode atuar em muitos desses casos.
Retinoblastoma
É o tipo mais comum de câncer que acomete os olhos na infância. Ocorre a partir do crescimento anormal das células da retina, formando nódulos e podendo se espalhar para o restante do corpo.
Como o seu diagnóstico é feito?
Existe um teste de triagem realizado com frequência no primeiro ano de vida, apelidado de "teste do olhinho". Ele consiste na avaliação dos olhos com um feixe de luz e a observação da normalidade do reflexo causado pela retina. Nos pacientes saudáveis, o reflexo é vermelho. Já em crianças afetadas pelo o retinoblastoma, o nódulo da doença causa mudança desta cor para branco ou amarelo.
É importante realizar o teste e priorizar o acompanhamento pois a criança, principalmente nos primeiros anos de vida, não percebe que a visão está afetada ou simplesmente ainda não tem a capacidade de se queixar.
Quando se suspeita de Retinoblastoma após o teste do olhinho, exames complementares devem ser realizados para confirmação, dentre eles: ultrassonografia e ressonância magnética.
Porque é importante diagnosticar cedo?
Como todos os tipos de câncer, quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de cura. No Retinoblastoma esse efeito se destaca ainda mais, sendo que, se realizado tratamento médico otimizado de maneira precoce, até 95% das crianças podem ser curadas.
Como a Radiologia Intervencionista pode ajudar?
O protocolo do tratamento dos pacientes com Retinoblastomas depende de alguns fatores, como tamanho da lesão, se a mesma afeta ambos os olhos, se há doença metastática, entre outros. Cada paciente é avaliado de maneira individual a fim de se tomar a melhor rota de tratamento.
Em muitos casos, uma das etapas do tratamento consiste na injeção da medicação quimioterápica diretamente na artéria que nutre o tumor!
Isso é possível através de uma técnica que tem sido bastante aprofundada nas últimas duas décadas, na qual o neurorradiologista intervencionista consegue levar um fino cateter até o interior da artéria oftálmica - a principal nutridora da região do olho, e, em consequência, também do tumor.
Quais os avanços esse método trouxe para o bem-estar dos pacientes?
A partir desse cateter, é possível injetar uma dose de medicação quimioterápica muito menor do que a necessária caso fosse aplicada da maneira tradicional, a chamada "sistêmica" - aquela aplicada tradicionalmente em uma veia do braço, por exemplo.
O objetivo principal deste tratamento é ajudar a evitar a necessidade de se realizar a chamada "enucleação" - a cirurgia de retirada do globo ocular. Os resultados desta técnica em tumores avançados têm sido promissores, com bom controle da evolução, permitindo, na maioria dos casos, a preservação do olho.
Como consequência da menor dose de medicação, os pacientes apresentam efeitos colaterais da quimioterapia mais brandos, com menos náuseas, menor queda de cabelo e mais disposição!
Essa possibilidade reafirma que, com os avanços médicos das últimas décadas, aliado ao tratamento multidisciplinar envolvendo pediatras, oncologistas, oftalmologistas e médicos intervencionistas, é possível trazer tratamentos menos invasivos para as crianças afetadas.
Recentemente o Dr. Daniel Abud foi entrevistado para explicar um pouco mais sobre o tratamento realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, onde há um Centro Especializado de Onco-oftalmologia. Confira a entrevista abaixo!