Embolização inflamatória: quais os benefícios para as dores articulares?
Quando falamos por aqui que a Radiologia Intervencionista busca dialogar e contribuir com as mais diferentes áreas da Medicina, não é força de expressão!
Nossa especialidade estabelece relações com áreas como a neurologia, ginecologia, oncologia e muitas outras. Dentre elas o tratamento de problemas que atingem o sistema músculo esquelético. Vamos entender?
Para início de conversa, quais problemas costumam atingir esse sistema?
Diferentes condições, sejam agudas, crônicas ou relacionadas a traumas, podem afetar o sistema músculo esquelético. Artroses, tendinites, bursite, capsulite são apenas algumas das possibilidades.
Em comum, todas elas podem causar dores crônicas nas mais variadas intensidades, que podem impactar a mobilidade, autonomia e rotina dos pacientes. A dor possui origem na inflamação crônica dos tecidos que cercam determinada articulação.
Por vezes, o controle deste sintoma é desafiador, persistindo mesmo com o uso de medicamentos, terapias de infiltração ou sessões de fisioterapia. Em regiões como os ombros, por exemplo, a dor pode levar a perda da rotação completa do ombro, já no joelho, a queixa de instabilidade e limitação funcional podem surgir.
Quais são os benefícios do tratamento com embolização nestes casos?
Pacientes que sofrem de doenças músculo esqueléticas inflamatórias benignas (excluindo doenças tumorais ósseas), que têm dores crônicas persistentes por mais de 3 meses e não obtiveram uma resposta satisfatória aos tratamentos medicamentosos ou fisioterapia, sem indicação cirúrgica, podem se beneficiar da abordagem intervencionista conhecida como embolização inflamatória.
Como é feita essa técnica?
O médico intervencionista realiza um estudo angiográfico da região para identificar os vasos sanguíneos que chegam à articulação ou ao músculo afetado. Essa região é identificada pela neovascularização, o que significa que está hipervascularizada em relação aos tecidos adjacentes.
Para interromper a inflamação, existem duas opções descritas na literatura atualmente: a injeção de micropartículas ou a injeção de imepenen/cilastatina diretamente nas artérias da área inflamada onde a dor se origina. Quando utilizamos o imipenem/cilastatina, em cerca de 5 minutos o material já é dissolvido, e a desvascularização temporária da região é suficiente para trazer melhora na inflamação e consequentemente da dor. Alguns estudos estão sendo realizados para verificar se o uso de micropartículas pode proporcionar resultados mais prolongados.
A ideia é que o bloqueio do fluxo sanguíneo para o tecido inflamado promova a melhora da dor e da limitação funcional. Estudos de casos e revisões de estudos já realizados indicam que a técnica de embolização inflamatória apresenta uma melhora significativa da dor. Além disso, em casos de traumas, o procedimento também pode contribuir para a cicatrização.
Uma revisão publicada em 2021, por exemplo, destaca que a embolização em condições musculoesqueléticas inflamatórias apresenta resultados encorajadores, positivos e seguros, principalmente em relação à redução da dor relatada pelo paciente.
Caso você esteja sofrendo de dores articulares crônicas (há mais de três meses), que não respondem efetivamente aos tratamentos convencionais e não tenham indicação cirúrgica, a embolização inflamatória pode ser uma opção viável para você.
Entre em contato com a equipe da Neocure por meio de nossos canais de atendimento se você desejar saber mais!
Escrito por:
Dr. Lucas Moretti Monsignore
CRM/SP 121.017 - RQE 38.296/38.297
Atualmente um dos diretores da Sociedade Brasileira de Radiologia Intervencionista e Cirurgia Endovascular (Sobrice), entidade representativa da especialidade