Estudo sobre a segurança da monoterapia antiagregante plaquetária no tratamento dos aneurismas cerebrais.
Recentemente foi publicado na revista internacional Journal of Neurointerventional Surgery um estudo piloto dirigido pela equipe médica da NeoCure. Nele, foi provada a segurança do uso de apenas um medicamento antiagregante plaquetário quando se usa um stent do tipo redirecionador de fluxo no tratamento dos aneurismas cerebrais.
Para que servem os stents?
Os stents metálicos têm diversos usos na Radiologia Intervencionistas. Eles podem variar tanto em tamanho, formato da malha ou parede, bem como material. O stents mais usados no tratamento dos aneurismas até há poucos anos, são empregados em conjunto com as molas, na técnica de remodelagem com stent (clique aqui para ver em detalhes).
Mais recentemente, foram desenvolvidos stents que possuem uma malha mais fechada em sua parede, os chamados stents direcionadores de fluxo ou ainda diversores de fluxo. Essa constituição mais fechada dos diversores de fluxo permite aos Neurointervencionistas tratarem alguns tipos de aneurismas mais complexos, que antes não podiam ser curados nem por via endovascular nem cirúrgica.
Os stents são feitos de ligas metálicas flexíveis e maleáveis, permitindo que sejam passados por dentro dos cateteres e implantados de maneira definitiva no local correto, dentro da artéria cerebral que apresenta o aneurisma. Contudo, justamente pela constituição em metal, a presença do stent no interior do vaso sanguíneo pode levar à formação de coágulos de sangue ao seu redor. Os coágulos podem levar a obstrução da artéria com consequências negativas para a saúde do paciente.
O que são os medicamentos antiagregantes plaquetários?
Para evitar que essa coagulação indesejada no stent ocorra, os pacientes que são submetidos à esse tratamento devem fazer uso de medicações que reduzem, de maneira controlada, uma das vias de coagulação do sangue: as plaquetas. Quando entram em contato com o metal, as plaquetas se juntam e iniciam o processo de formação do coágulo – fenômeno normal chamado de agregação plaquetária. O objetivo das medicações é reduzir a função das plaquetas o mínimo necessário para que não ocorram problemas no stent que acabou de ser colocado. Para se atingir esse efeito de antiagregação plaquetária, geralmente é necessário o uso de duas medicações que agem concomitante sobre as plaquetas.
Qual a proposta do estudo?
Nos últimos anos, a evolução da engenharia de materiais na área da Neurorradiologia Intervencionista levou à criação de um stent revestido de um tipo de material que resulta em menor formação de trombos em comparação às ligas metálicas usadas normalmente. Ao mesmo tempo, surgiram medicações mais modernas da classe dos antiagregantes, tendo se mostrado mais eficazes que as drogas da geração anterior.
O estudo se propôs a avaliar a segurança do uso de apenas uma medicação antiagregante plaquetária quando utilizado um stent que apresenta esse novo revestimento. Para tal, os pacientes foram acompanhados e foi observada a ocorrência de efeitos resultantes da formação indesejada de coágulos no interior dos stents.
O resultado do estudo foi positivo por essa combinação se mostrar segura: nenhum dos 21 pacientes submetidos ao tratamento apresentou sintomas neurológicos novos no período de seguimento.
Escrito por:
Dr. Daniel Giansante Abud
CRM/SP 94.196 - RQE 41.802/41.802-1/75.310
Neurorradiologista intervencionista, livre-docente da FMRP-USP e ex-presidente da SOBRICE.