O legado de Egas Moniz para a neurorradiologia brasileira - Série especial sobre Radiologia Intervencionista
As descobertas médicas, novas tecnologias e técnicas, só são realmente revolucionárias quando compartilhadas. Acreditamos nessa prerrogativa e ela faz parte da identidade de nossa equipe, seja através do compartilhamento de informações em nosso blog, artigos acadêmicos publicados ou participação de membros da Neocure em conferências e congressos.
É interessante refletir que essa mesma concepção a respeito do conhecimento faz parte da história da Radiologia Intervencionista, procedimentos dessa especialidade e suas personalidades que, a partir de diferentes descobertas e estudos, compõem essa trajetória.
Quando falamos sobre Egas Moniz e sua contribuição à medicina brasileira, essa perspectiva se torna bastante clara.
Português e professor de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, premiado com o Nobel de Fisiologia e Medicina, Moniz foi um importante nome para a Neurologia e Neurocirurgia, principalmente pelo desenvolvimento da técnica de Angiografia Cerebral, que atua ainda hoje no diagnóstico de lesões cerebrais.
Egas Moniz e a Neurocirurgia brasileira
Em 1928, período em que já possuía uma carreira médica consolidada, Egas Moniz visitou o Brasil. A viagem, um convite feito por Aloysio de Castro - professor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e Diretor do Departamento Nacional de Ensino - tinha como objetivo a divulgação e compartilhamento dos estudos desenvolvidos até então, como a Angiografia Cerebral. A relação estabelecida com os médicos brasileiros se estendeu ao longo de muitos anos, com trocas de correspondências, estudos e casos clínicos.
Neste período, o campo de atuação da Neurocirurgia brasileira estava em pleno desenvolvimento e buscava conquistar mais espaço enquanto especialidade, definindo sua identidade e abordagens cirúrgicas.
Alfredo Monteiro e José Ribe Portugal, que participaram da construção da Neurocirurgia brasileira, e Augusto Brandão Filho, professor de Clínica Cirúrgica da Faculdade Nacional de Medicina, foram alguns dos médicos que estabeleceram contato com Egas Moniz e buscaram usufruir das técnicas de diagnóstico, exames e investigações descobertas pelo médico português.
Durante sua passagem em nosso país, Moniz chegou a acompanhar e dar assistência na realização da técnica de Angiografia Cerebral, realizada pela primeira vez no Brasil nesta mesma ocasião, no Hospital da Misericórdia do Rio de Janeiro.
No curto período em que esteve aqui, o médico realizou seis conferências sobre Angiografia Cerebral - no Rio de Janeiro e São Paulo, foi homenageado e orientou alguns cirurgiões para a realização da técnica. O presidente da República na época, Washington Luís, chegou a recebê-lo no Palácio do Catete.
Em seus diários e também no livro “Confidências de um Investigador Científico”, ele registra a sua visita ao Brasil e, em especial, os vínculos de amizade que construiu e que desejava manter com os médicos brasileiros.
Ainda que curta, essa visita e seus frutos impactaram o desenvolvimento da especialidade de Neurocirurgia no Brasil, de forma mais definida e aprofundada. Nestas trajetórias que se interconectam e criam relações entre si, o campo que hoje conhecemos foi cultivado e fortalecido.
Você gostaria de saber mais sobre a história de Egas Moniz? Em nosso Instagram, preparamos um post especial sobre ele, em que contamos um pouco de sua trajetória. Não deixe de conferir!
Aqui no blog, temos também outros conteúdos a respeito da história da Radiologia Intervencionista, e das personalidades que participaram e continuam a participar dela.
Referência:
CORREIA, Manuel. Egas Moniz e os seus colegas no Brasil: a arquitetura de um Prêmio Nobel. ComCiência [online]. 2014, n.164.