Zumbido pulsátil: conheça a causa e saiba como tratar
É verdade que o zumbido no ouvido pode trazer muitos inconvenientes ao paciente, tendo como principais sintomas a dificuldade de concentração, dor de cabeça, estresse constante, entre outras complicações.
Até 20% da população sofre com zumbido no ouvido e, na maioria das vezes, a queixa está ligada diretamente a fatores como a perda da audição, lesão no ouvido ou traumas na cabeça e pescoço. Também existe, em menor grau, o chamado “zumbido pulsátil”, relacionado a um problema no sistema circulatório, do qual falaremos adiante.
Afinal, o que é considerado zumbido?
Zumbido é todo e qualquer ruído que não tenha nenhuma ligação com o ambiente externo. Alguns são descritos como:
Chiado;
Apito;
Cigarra;
Som de panela de pressão;
Batimentos cardíacos.
Fístula Arteriovenosa Dural e o zumbido pulsátil
A Fístula Arteriovenosa Dural (FAVD) é uma doença que pode ocorrer em diferentes partes da dura-máter, uma das membranas que protegem o cérebro e a medula espinhal. A dura-máter possui canais venosos chamados “seios durais”. E FAVD se dá justamente quando acontece uma conexão anormal entre artérias e veias (seios durais) na dura-máter.
E o que isso tem a ver com o zumbido no ouvido?
Como explicamos, a FAVD pode ocorrer em qualquer local da dura-máter, inclusive na região localizada atrás do ouvido. É nesse contexto em que surge o “zumbido pulsátil”, um ruído totalmente diferente do zumbido comum. Trata-se de um som causado por um tipo de fluxo sanguíneo anormal próximo do ouvido, daí o nome “pulsátil”, pois o ruído é sincronizado com o pulso (batimentos cardíacos).
Normalmente, não há nada de errado com a audição de pacientes com Fístula Arteriovenosa Dural.
Como saber se o zumbido é causado por problemas no sistema circulatório?
Geralmente, pacientes que sofrem de FAVD relatam ser capazes de alterar o volume do ruído ao fazer manobras com o pescoço ou ao prender a respiração. Dependendo da manobra realizada, o zumbido pode diminuir ou até mesmo pausar por alguns instantes.
É importante lembrar que essas medidas podem trazer pistas para o diagnóstico, mas é imprescindível que haja uma avaliação completa realizada por uma equipe especializada.
Como é possível fazer o diagnóstico de zumbido pulsátil?
Para diagnosticar a FAVD, imagens são essenciais. Uma das maneiras mais eficazes é realizando uma angiografia, que possibilita a identificação de alterações vasculares com maior precisão.
Esse exame é realizado pelo médico intervencionista. O procedimento dura até uma hora, de acordo com a complexidade do caso e do local a ser examinado, que pode ser na virilha ou no pulso.
A angiografia requer aplicação de anestesia local no ponto de colocação do cateter. Em seguida, o cateter injeta na artéria uma substância líquida e vai formando imagens das estruturas por onde passa, facilitando a avaliação médica.
A angiografia é um procedimento que não exige internação. Assim que finalizada, o paciente pode ir para casa e deve permanecer em repouso, devendo evitar esforços por 48 horas.
Existe tratamento para zumbido pulsátil?
Sim! Felizmente existem alguns tratamentos para a Fístula Arteriovenosa Dural. Hoje, a maioria dos casos de zumbido causado por FAVDs pode ser tratada com embolização.
A embolização é um procedimento realizado sob anestesia geral, que consiste num cateterismo seletivo das artérias responsáveis pela nutrição da FAVD, possibilitando a injeção de material embolizante no interior da lesão vascular.
Esse procedimento tem altas taxas de sucesso, chegando a melhorar os sintomas em até 92% dos casos. A embolização deve ser realizada por médicos que possuam treinamento especializado em técnicas minimamente invasivas, como o neurointervencionista.
Para esclarecer dúvidas e saber mais sobre técnicas e tratamentos para Fístula Arteriovenosa Dural e zumbido pulsátil, entre em contato com a NeoCure e marque uma consulta.
Fontes:
https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/tinnitus/symptoms-causes/syc-20350156
http://neuroangio.org/patient-information/diagnosis-and-treatment-of-pulsatile-tinnitus/
https://www.nature.com/articles/srep36601
Escrito por:
Dr. Daniel Giansante Abud
CRM/SP 94.196 - RQE 41.802/41.802-1/75.310
Neurorradiologista intervencionista, livre-docente da FMRP-USP e ex-presidente da SOBRICE.